quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Reconhecimento


Ao olhar no espelho não vê o próprio reflexo, o espelho está embaçado pelo banho morno, a mão pigmentada limpa as gotículas em um instante, agora se olha de verdade, a lucidez o assusta, está admirado e assustado. O que o mudou tanto? O que está vendo? Ah, que desespero, nem ele ao menos sabe. Essa coisa de não saber o perturba, pois saber é como um trunfo na manga, sempre útil em momentos necessários. Mas o que adianta? Ele não precisava de respostas, o reflexo estava ali e dizia muitas coisas, só precisava parar e escutar. “Sabe o que é... você nunca se olhou de verdade, sabe o que é... a verdade assusta”. Finalmente soltou o ar dos pulmões, respirou como pela primeira vez, era uma criança em terra de estranhos.

                                                                     Andressa S.A

3 comentários:

  1. Muito bom mesmo, tem estilo. Ótimo clímax psicológico, que prende, surpreende, suspende a respiração, segura a atenção, comove, envolve. Desfecho grandioso, profundo e bonita imagem. Gostei!

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  2. OI DESA!
    PASSEI PARA CONHECER TEU ESPAÇO, GOSTEI E TE SIGO.
    ABRÇS
    -http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  3. Muito bom! Um texto que prende com passagens envolventes, muito bem escrito!
    Grande abraço, sucesso e ótima semana!

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