quinta-feira, 23 de outubro de 2014

2. E se for um sonho



  Entrei em estado de negação, não poderia ser, todos esses anos não podem caber em um sonho. Procurei o Adam em todos os lugares, atrás das portas, debaixo dos móveis, olhei até na geladeira, sei lá... Talvez eu esteja mesmo enlouquecendo.
  -Já saquei, Adam. Pode aparecer – falei em voz alta, na esperança de que ele saísse sorridente de algum esconderijo secreto.
  Fui até o nosso quarto e abri o guarda-roupa, ofeguei ao ver suas roupas no cabide, pisquei novamente e as roupas desapareceram, mas só as dele. Esfreguei os olhos, esfreguei de novo e nada. Só havia as minhas roupas, bati a porta e ainda em estado de negação, saí de casa. Andei pelas as ruas em busca do Adam. Nunca quis tanto rever seu rosto, já estava ficando sem esperanças, quando vi um amigo nosso andando pela a rua.
  -Miguel, Graças a Deus! Você precisa me ajudar, o Adam, sumiu – falei apressada.
  -Calma Anne – ele riu – Respira. De que Adam você está falando?
  -Ah, não, não brinca. O Adam seu amigo, o meu namorado e quase marido – minhas mãos tremiam.
  -Uau – Miguel arregalou os olhos – Marido? Não sabia nem que você tinha um namorado.
  Prendi a respiração. Não pode ser, não posso estar ficando louca. Contei até dez mentalmente tentando me acalmar. Dei uma desculpa para o Miguel e continuei andando pelas as ruas. Senti uma náusea, uma vontade de chorar, mas eu não tinha certeza se conseguiria parar. Olhei para os lados e, inexplicavelmente, ele estava lá. O Adam estava na calçada oposta olhando pra mim, senti meus músculos relaxarem, ele tinha uma expressão divertida no rosto.
  -Você me assustou, Adam. Não faça mais isso – falei indo ao seu encontro. Ele sorriu, me deixando mais boba.
  Foi então que eu pisei em falso, cai em direção ao... Buraco negro? Eu estava sendo sugada para a escuridão e a última coisa que vi foi o sorriso dele.


                                                                    Andressa S.A


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