1. E se for um sonho

 Pensei que depois de certo tempo tudo iria se desgastar como roupa velha, se desbotar como um quadro rústico, que ele iria cansar de mim e eu dele, como acontece inevitavelmente durante a vida, mas pra minha surpresa, tudo aconteceu exatamente o contrário.

  -O que está pensando? – Adam me perguntou, sentado na poltrona oposta à minha.

  -Em como tudo isso é impossível – ele arqueou uma sobrancelha, intrigado com a minha resposta.

  -Tudo o quê? – insistiu.

  -Eu, você, nós e agora.

  Ele ficou ainda mais confuso e riu. Adam sempre rir dos meus questionamentos, eu nunca me incomodei, adoro fazê-lo rir.

  -Ainda acha que quando fechar os olhos e depois abri-los tudo isso não passará de um sonho? – eu fiz que sim, com a cabeça.

  -Então feche os olhos – ele disse se aproximando. Senti sua proximidade, provavelmente ele estava de joelhos, mantive os olhos fechados. Ele colocou as mãos sobre as minhas, prendendo-me na poltrona, senti seu hálito no meu pescoço, depois atrás da minha orelha, ele já fez isso tantas vezes e eu ainda perco o fôlego. Senti uma respiração próxima a minha boca e, por um minuto incontrolável, ele não fez nada. Quando pensei em abrir os olhos, ele me beijou leve de mais, odeio quando o Adam provoca. Eu soltei minhas mãos para puxar sua camisa, foi então que eu não senti suas mãos, nem sua respiração, só era eu e mais ninguém. Abri os olhos, ele não estava lá, Adam desapareceu.

  Comecei a duvidar de mim e de tudo. Tudo parecia igual, mas e o Adam? O mais importante. Adam... Será que eu estava... Estava... Sonhando?

                                                                  

                                                                 Andressa S.A