segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

6. Alguém como você



 Sam havia passado no teste, pra mim não foi surpresa, não por que ela é minha amiga, mas por que Sam tinha capacidade pra isso e para comemorar eu a levaria pra sair, um lugar bem diferente de todos que ela tenha saído esses últimos anos, se é que Sam algum dia tenha saído daquele apartamento apertado, que ela chama de casa.
 Uma parte do caminho teria que ser feita a pé, então lhe avisei que usa-se roupas mais confortáveis. Eu iria levar água e barras de cereais, não era preciso muita coisa, por que voltaríamos ainda no mesmo dia. Cheguei para buscá-la ás 07h00min da manhã, como combinado.
 - Eu não vou subir nessa coisa - disse ela, cruzando os braços.
 - Nós chegaremos mais rápido se formos de moto e não se preocupe eu tenho seguro - brinquei, fazendo ela me fulminar com os olhos - Eu estava só brincando, está bem.
 - Não achei graça - disse ela, me olhando séria.
 - Desculpa, agora a senhorita poderia me fazer à gentileza, de subir nessa moto? - falei, fazendo minha melhor cara de bom moço e estendendo a mão para ajudá-la a subir.
 - Não tem outro jeito mesmo - resmungou ela, ao subir na moto.
 O caminho foi tranquilo, a estrada estava razoavelmente deserta, o sol não muito forte e a ventania fresca trazendo o cheiro de terra molhada. Avistei logo adiante a serra e continuei subindo por uma trilha ainda plana, até chegarmos ao local onde deveríamos seguir a pé.
 Deixei minha moto junto com outros veículos que ali estavam, num local adequado, próprio para turistas que quisessem se aventurar pela trilha.
 - Falta muito? - disse Sam, com a respiração um pouco ofegante e a face rosada.
 - Só mais uns vinte minutos - e lhe entreguei uma garrafa com água - Beba mais, quando chegarmos podemos comer algo decente ao invés de barras de cereais - nós rimos e continuamos o percurso.

                                                     
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 Eu não sou muito fã de serras e ar livre, mas tenho que admitir que a vista era linda, sem prédios ou ar poluído. Eu estava tão acostumada com a minha casinha apertada, que não via como poderia ser tão bonito fora dela.
 No final da trilha avistamos um chalé e bem ao lado havia uma espécie de lanchonete, com a algumas mesas e cadeiras do lado de fora, sentamos em uma delas e Tom pediu algo para comermos.
 - Como você descobriu esse lugar? - perguntei, após beber um gole de suco de laranja.
 - Meus pais me traziam aqui quando eu era criança. Era um dos nossos lugares preferidos pra sair nas férias - ele disse, enquanto lia um livro, que saiu de não sei onde e apesar dele ficar muito charmoso daquele jeito, eu não aguentava mais vê-lo lendo.
 - Dá pra largar esse livro? - ele riu e fechou o livro num estralo.
 - Vamos dançar? - disse ele, me puxando pela mão.
 - Não - quase gritei, mas sem chances, eu já estava dançando, um passinho pra cá e outro pra lá.
 Ficamos conversando enquanto dançávamos e Tom até arriscou algumas cantadas sem graças que ele ouviu por aí, o que me fez rir muito.
 - Tem uma cachoeira por aqui, só que teríamos que andar um pouco mais.
 - Aff, você adora andar - foi só eu calar a boca que escorreguei. É eu não sou uma miss universo, mas Tom me segurou antes que eu caísse com tudo no chão, ficamos tão perto que eu poderia beijá-lo com facilidade, mas eu estava lesada demais, deslumbrada com seus olhos azuis.
 - Essa foi por pouca - ele disse ainda me segurando - Você está bem? - “Meu Deus, que olhos são esses!" pensei.
 - Sim... É...Eu estou bem - falei finalmente.
 - O que foi? Você está estranha - ele disse, sorrindo.
 - Não é nada. E pare de fazer essa cara e esse sorrisinho bobo, não funciona comigo - menti.
 - Mas eu não fiz nada - disse ele, aproximando seu rosto do meu.
 "Droga", foi a última coisa que pensei.
 Um cheiro bom de castanha exalava sobre o seu corpo, tocando a minha pele como uma brisa fresca, sua respiração era mansa e sincronizada com a minha, suas mãos tocavam levemente minhas costas e rosto, seus lábios se encaixavam perfeitamente aos meus, como se fossem feitos pra mim.
 Não pensei nada disso na hora, mas tive tempo o suficiente pra pensar depois, mas vamos ao que interessa, ele me beijou e agora?
 - Posso te fazer uma pergunta? - falei, tentando me desviar dos seus olhos - Por que você fez isso?
 - Alguém me disse uma vez, que você precisa fazer a sua própria história, antes que alguém mais esperto venha e roube de você. Só estou seguindo seu conselho.
 - Tá legal - falei, sem acreditar.
 - Você não consegui acreditar que alguém possa gostar de você? Sam você é bonita, inteligente e tão mal humorada que chega a ser engraçada - ele riu, enquanto eu me segurava pra não bater nele.
 - Tudo bem, eu vou ser direta e não demonstre nenhuma reação enquanto eu falo. Eu não posso dizer que não gostei do que aconteceu, por que se não estaria mentindo - ele sorriu - Mas eu não estou a fim de discutir sobre isso no momento - ele parou de sorrir - Entretanto, eu não quero dizer que não quero ficar com você, por que eu quero - ele voltou a sorrir - Mas vamos com calma, por que eu tenho que me acostumar com essa situação.
 - Sam, você tem sérios problemas - nós rimos.
 A minha vida mudou de uma forma que eu não consigo explicar e descobri coisas em mim que eu desconhecia, por exemplo, como ser uma pessoa extremamente ciumenta, mas também não é todo dia que um homem desses apareci no banco da praça.
 Por fim, eu posso afirmar que nós somos felizes e Tom é sem dúvida, aquela peça especial que faltava na minha vida.

                                                         
                                                                Andressa S.A

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