Sam havia passado no teste, pra mim não foi surpresa, não
por que ela é minha amiga, mas por que Sam tinha capacidade pra isso e para
comemorar eu a levaria pra sair, um lugar bem diferente de todos que ela tenha
saído esses últimos anos, se é que Sam algum dia tenha saído daquele
apartamento apertado, que ela chama de casa.
Uma parte do caminho
teria que ser feita a pé, então lhe avisei que usa-se roupas mais confortáveis.
Eu iria levar água e barras de cereais, não era preciso muita coisa, por que
voltaríamos ainda no mesmo dia. Cheguei para buscá-la ás 07h00min da manhã,
como combinado.
- Eu não vou subir
nessa coisa - disse ela, cruzando os braços.
- Nós chegaremos mais
rápido se formos de moto e não se preocupe eu tenho seguro - brinquei, fazendo
ela me fulminar com os olhos - Eu estava só brincando, está bem.
- Não achei graça -
disse ela, me olhando séria.
- Desculpa, agora a
senhorita poderia me fazer à gentileza, de subir nessa moto? - falei, fazendo
minha melhor cara de bom moço e estendendo a mão para ajudá-la a subir.
- Não tem outro jeito
mesmo - resmungou ela, ao subir na moto.
O caminho foi
tranquilo, a estrada estava razoavelmente deserta, o sol não muito forte e a
ventania fresca trazendo o cheiro de terra molhada. Avistei logo adiante a
serra e continuei subindo por uma trilha ainda plana, até chegarmos ao local
onde deveríamos seguir a pé.
Deixei minha moto
junto com outros veículos que ali estavam, num local adequado, próprio para
turistas que quisessem se aventurar pela trilha.
- Falta muito? -
disse Sam, com a respiração um pouco ofegante e a face rosada.
- Só mais uns vinte
minutos - e lhe entreguei uma garrafa com água - Beba mais, quando chegarmos
podemos comer algo decente ao invés de barras de cereais - nós rimos e
continuamos o percurso.
x x x
Eu não sou muito fã de serras e ar livre, mas tenho que
admitir que a vista era linda, sem prédios ou ar poluído. Eu estava tão
acostumada com a minha casinha apertada, que não via como poderia ser tão
bonito fora dela.
No final da trilha
avistamos um chalé e bem ao lado havia uma espécie de lanchonete, com a algumas
mesas e cadeiras do lado de fora, sentamos em uma delas e Tom pediu algo para
comermos.
- Como você descobriu
esse lugar? - perguntei, após beber um gole de suco de laranja.
- Meus pais me traziam
aqui quando eu era criança. Era um dos nossos lugares preferidos pra sair nas
férias - ele disse, enquanto lia um livro, que saiu de não sei onde e apesar
dele ficar muito charmoso daquele jeito, eu não aguentava mais vê-lo lendo.
- Dá pra largar esse
livro? - ele riu e fechou o livro num estralo.
- Vamos dançar? - disse
ele, me puxando pela mão.
- Não - quase gritei,
mas sem chances, eu já estava dançando, um passinho pra cá e outro pra lá.
Ficamos conversando
enquanto dançávamos e Tom até arriscou algumas cantadas sem graças que ele ouviu
por aí, o que me fez rir muito.
- Tem uma cachoeira
por aqui, só que teríamos que andar um pouco mais.
- Aff, você adora
andar - foi só eu calar a boca que escorreguei. É eu não sou uma miss universo,
mas Tom me segurou antes que eu caísse com tudo no chão, ficamos tão perto que
eu poderia beijá-lo com facilidade, mas eu estava lesada demais, deslumbrada
com seus olhos azuis.
- Essa foi por pouca
- ele disse ainda me segurando - Você está bem? - “Meu Deus, que olhos são
esses!" pensei.
- Sim... É...Eu estou
bem - falei finalmente.
- O que foi? Você
está estranha - ele disse, sorrindo.
- Não é nada. E pare
de fazer essa cara e esse sorrisinho bobo, não funciona comigo - menti.
- Mas eu não fiz nada
- disse ele, aproximando seu rosto do meu.
"Droga",
foi a última coisa que pensei.
Um cheiro bom de
castanha exalava sobre o seu corpo, tocando a minha pele como uma brisa fresca,
sua respiração era mansa e sincronizada com a minha, suas mãos tocavam
levemente minhas costas e rosto, seus lábios se encaixavam perfeitamente aos
meus, como se fossem feitos pra mim.
Não pensei nada disso
na hora, mas tive tempo o suficiente pra pensar depois, mas vamos ao que
interessa, ele me beijou e agora?
- Posso te fazer uma
pergunta? - falei, tentando me desviar dos seus olhos - Por que você fez isso?
- Alguém me disse uma
vez, que você precisa fazer a sua própria história, antes que alguém mais
esperto venha e roube de você. Só estou seguindo seu conselho.
- Tá legal - falei,
sem acreditar.
- Você não consegui
acreditar que alguém possa gostar de você? Sam você é bonita, inteligente e tão
mal humorada que chega a ser engraçada - ele riu, enquanto eu me segurava pra
não bater nele.
- Tudo bem, eu vou
ser direta e não demonstre nenhuma reação enquanto eu falo. Eu não posso dizer
que não gostei do que aconteceu, por que se não estaria mentindo - ele sorriu -
Mas eu não estou a fim de discutir sobre isso no momento - ele parou de sorrir
- Entretanto, eu não quero dizer que não quero ficar com você, por que eu quero
- ele voltou a sorrir - Mas vamos com calma, por que eu tenho que me acostumar
com essa situação.
- Sam, você tem
sérios problemas - nós rimos.
A minha vida mudou de
uma forma que eu não consigo explicar e descobri coisas em mim que eu
desconhecia, por exemplo, como ser uma pessoa extremamente ciumenta, mas também
não é todo dia que um homem desses apareci no banco da praça.
Por fim, eu posso
afirmar que nós somos felizes e Tom é sem dúvida, aquela peça especial que
faltava na minha vida.
Andressa S.A
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