Aquele momento em que você precisa apenas de sua própria
companhia pra pensar. Procurei a praça menos movimentada e que não fosse tão
longe do teatro. Eu teria que admitir em algum momento que estava com o típico
bloqueio de escritor. É frustrante, mas teria que dá meu jeito, pois eu tinha
uma peça pra fazer e pra que isso acontecesse eu precisava de uma inspiração.
Era realmente uma
praça descuidada, não sei como alguns pais tinham coragem de levarem seus
filhos naquele lugar, não consegui pensar em nada útil, apenas que eu deveria
sair logo dali, antes que eu escrevesse uma peça onde todos os personagens
morrem no final.
Então eu a vi, Sam,
minha amiga desde a 3° série, acabamos perdendo contato depois que seus pais se
mudaram, mas isso já fazia muito tempo. Ela não havia mudado quase nada, só
estava mais bonita e com a mesma expressão que a vi pela última vez, sempre
irritada e introspectiva.
Olhei para o chão
enquanto me dirigia até ela, como Sam sempre foi muito boa em fisionomia, seria
apenas necessário ela ver meus olhos azuis que me reconheceria.
- Porque eu nunca
consigo enganar você? - falei, desapontado e lhe retribui o abraço antes de
sentar ao seu lado.
- Pensei seriamente
que você fosse um psicopata - ela disse, me fazendo rir - E o que aconteceram com
seus cachinhos loiros?
- Tive que tingir por
causa de um personagem. Eu faria o papel de um vilão e aquele cabelo não me
deixaria com cara de um, mas e você o que anda fazendo?
- Longa história,
resumindo eu não danço mais e agora trabalho num escritório como contadora.
Sam acabou me
contando como havia desistido do que mais amava e apesar de ter agora os olhos
angustiados, eu ainda conseguia vê-la dançando com um sorriso no rosto.
Pensando bem, eu conclui que havia chegado na hora certa.
Andressa S.A
Simplesmente encantador! Um faz de conta com aroma de vida real.
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