quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

2. Alguém como você


 Aquele momento em que você precisa apenas de sua própria companhia pra pensar. Procurei a praça menos movimentada e que não fosse tão longe do teatro. Eu teria que admitir em algum momento que estava com o típico bloqueio de escritor. É frustrante, mas teria que dá meu jeito, pois eu tinha uma peça pra fazer e pra que isso acontecesse eu precisava de uma inspiração.
 Era realmente uma praça descuidada, não sei como alguns pais tinham coragem de levarem seus filhos naquele lugar, não consegui pensar em nada útil, apenas que eu deveria sair logo dali, antes que eu escrevesse uma peça onde todos os personagens morrem no final.
 Então eu a vi, Sam, minha amiga desde a 3° série, acabamos perdendo contato depois que seus pais se mudaram, mas isso já fazia muito tempo. Ela não havia mudado quase nada, só estava mais bonita e com a mesma expressão que a vi pela última vez, sempre irritada e introspectiva.
 Olhei para o chão enquanto me dirigia até ela, como Sam sempre foi muito boa em fisionomia, seria apenas necessário ela ver meus olhos azuis que me reconheceria.
 - Porque eu nunca consigo enganar você? - falei, desapontado e lhe retribui o abraço antes de sentar ao seu lado.
 - Pensei seriamente que você fosse um psicopata - ela disse, me fazendo rir - E o que aconteceram com seus cachinhos loiros?
 - Tive que tingir por causa de um personagem. Eu faria o papel de um vilão e aquele cabelo não me deixaria com cara de um, mas e você o que anda fazendo?
 - Longa história, resumindo eu não danço mais e agora trabalho num escritório como contadora.
 Sam acabou me contando como havia desistido do que mais amava e apesar de ter agora os olhos angustiados, eu ainda conseguia vê-la dançando com um sorriso no rosto. Pensando bem, eu conclui que havia chegado na hora certa.

                                                                      Andressa S.A

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