quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Mão amiga


 O céu estava negro, sem estrelas e a lua escondia se por trás das nuvens cheias. Ouvia-se de longe um gemido abafado e rouco. Era um homem agachado, espremido e marejado de falsas esperanças. Ele havia perdido ao londo do tempo tudo o que lê dava fôlego. 
 Seu corpo estremecia com o vento, mas ele não ligava. Em sua mente se repetia "Não faz mais sentido..".Então ele parou e jogou seu corpo magro na água. Seria sua primeira tentativa de suicídio e talvez a última. Enquanto afundava com os olhos fechados sentiu alguém o puxar para cima. Involuntariamente ele tentou respirar, seus pulmões doíam em cada contração e de imediato a água voltava por onde havia entrado.
 Ele estava tonto e seu corpo encharcado se comprimia em volta dos braços finos e delicados que agora lutavam para mante-lo aquecido. Foram os mais longos três minutos da sua vida. Até que seus olhos encontraram aquela íris desconhecida que o observava com preocupação.
 - Você vai ficar bem. - ela disse firme, tentando convencê-lo a acreditar.
 Já fazia muito tempo em que ele não ouvia aquelas palavras, um abraço ou apenas um olhar. Ele havia esquecido. E foi assim quando uma  lágrima quente escorria em seus olhos que ele assentiu para ela, com um sorriso no canto dos lábios, que nem lembrava mais que existia e aos poucos foi se recompondo como um menino acanhado em busca de uma mão amiga.

                                                                     Andressa S.A

2 comentários:

  1. Meu orgulho! Prima você é encantadoramente maravilhosa, escreve tão bem e com uma força tão grande! Consegui me transportar para aquela noite e ver toda a cena. Muito lindo e tocante mesmo! A maneira delicada de falar sobre algo tão sério, e a sutileza em transpor o que te apraz. Sério, me deixa feliz ver você escrever, talento de prima! Beijooss

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