Mary, se contorcia de dor, o
suor pingava de sua testa, os olhos estavam inquietos e torturados. Algo estava
errado, não era a hora certa para a criança nascer, o bebê se mexia com uma
força impressionante. Não havia ninguém que Mary pudesse pedir ajuda, pois era órfã e morava sozinha.
A rua era escura e estreita. Mary, em passos
lentos chegou até a lanchonete mais próxima, um garçom aproximou-se e viu a
água descendo entre as pernas de Mary. Ele gritou pedindo ajuda e, ali mesmo no
chão de uma lanchonete decadente, o filho dela estava destinado a nascer.
Uma mãe sem família, um pai desconhecido...
Não era esse o sonho de Mary, não era essa a vida que ela desejava dar ao seu
filho, mas era a única opção possível. Ao deitar no chão sentiu um golpe na costela
esquerda, de alguma forma a criança conseguiu quebrar, todos ficaram
horrorizados, mas Mary apenas revezava em sentir dores distintas.
- Olhe pra mim- falou o garçom, que segurava
sua mão tremendo - Você acha que consegue? Não há mais tempo.
- Sim - ela respondeu.
Mary gritou. Gritou enquanto colocava força.
Gritou até sentir seu corpo vazio. Todos ficaram em silêncio, por um momento
ela pensou que tudo não passava de um pesadelo. O garçom ergueu os olhos em sua
direção, a expressão em seu rosto era vaga, ele embalou o feto no pano seco e
cuidadosamente o colocou nos braços de Mary.
- Há algo errado - ele falou.
Mary não compreendeu e imediatamente abriu o
pano. Seus olhos corriam a cada centímetro daquele corpinho estranho. O
bebê fazia um ruído ao respirar, tinha olhos totalmente negros oceano, sua
cabeça era achatada nas laterais, entre a base de seus dedos haviam membranas viscosas, não possuía pelos em seu corpo e sua pele tinha uma tonalidade leve
de amora.
O esclarecimento percorreu a mente de Mary,
tudo o que estava acontecendo nos últimos dias, as pessoas estranhas, o homem
que ela amou e a sua verdadeira natureza.
- Não é humano.
Andressa S.A
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